terça-feira, 20 de março de 2007

Lembro-me de ti

Estávamos lá todo o dia, durante o todo o nosso amor. As árvores por testemunha, mesmo mortas e caídas, ofereciam sua guarida, os seus troncos recebiam a nós como poltronas. Também nós, nem percebíamos, tão perto estávamos que não podíamos ver. Tão perto estávamos um do outro que sequer podíamos respirar.
Fomos um do outro durante muito bosque.

Esquecemos, porém, como quem esquece o que não pode ser esquecido. Distraímo-nos com outros lugares e pessoas, esperando que nelas fosse vivo os galhos que floridos nos sorriam. Perdemos o cheiro acre de nossa pureza selvagem, deixamo-nos impregnar por fragrâncias outras.

O tempo inerte nos espera atrás das árvores. Lá ainda resta o bosque que guarda a nós, com mais saudade que amor, com mais tempo do que poderíamos amar.

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