quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A volta pra casa

Quando a gente é novo demais pra saber o que se passa no coração, o amor vira algo estranho de se lidar de peito aberto. É como se o desconhecido, como sempre, nos desse um medo e uma falta de vontade, muito maior que a curiosidade. Então, vivemos por muito tempo sem aceirar o fato de estarmos apaixonados. Nossa, que cafona isso, mas é a mais pura verdade, pelo menos para a maioria dos caras que, como eu, nasceram na década de 70 ou 80 e são inseguros por natureza. Inventamos fantasias malucas, sonhamos com isso, e vivemos o nosso próprio amor platônico. Por vezes, sem jamais despertar suspeitas nas escolhidas, colocadas em altares no pensamento.

Depois de quase adulto, aprendi a lidar com o fato de não lembrar do rosto da mulher amada. Aliás, esse era o primeiro sinal de meus sentimentos por ela. O segundo sinal, e esse sim é coisa de doido, era passar o dia todo acompanhado dela na imaginação. Explicando em meio ao trabalho, no pensamento, como se faz isso ou aquilo, se exibindo pra ela, que na verdade não estava ali. Conversar e imaginar a sua reação ao me ouvir. (não, eu não sou louco, a doutora disse)

Não sabia mais o que era isso, depois de quase 7 anos casado. Uma vida séria, cheia de contas a pagar e de diferenças a resolver. Parecia que isso não era mais pra mim, como se tivesse me aposentado desta parte da vida. Como se tudo isso fosse uma coisa para se lembrar, talvez escrever.

Nossos dias não tem mais se cruzado, por motivos mais fortes que nossa vontade, e assim o meu coração teve tempo de se recuperar de uma série de tombos. Seria muita burrice não lembrar o teu rosto depois de tanto te olhar, conversar, te amar. Seria muita burrice e falta de memória. Entretanto, de uns dias pra cá, tenho conversado muito contigo no trabalho. Tenho te contado coisas, várias vezes, antes mesmo de te ver. Te explico tudo, exatamente como fazia à 6 anos atrás, me lembrando com muito carinho que estás em casa me esperando.

Sinto tanto a tua falta, que já não sinto mais nada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que afudê, cara. :)
Pior que a falta nos faz (ou pelo menos parece fazer) com que ossamos pesar com mais exatidão a importância que uma pessoa faz na vida da gente.

E o lado poético/apaixonado aflora ainda mais mesmo... Como quando não tínhamos alguém em especial fisicamente mas apenas no pensamento, nos visitando, passando o dia conosco, exatamente como tu disseste...hehe

É meio absurdo e contraditório, mas parece que fazer faltar de vez em quando vale a pena, só pra poder dizer "que saudade!".

Abraço, cara!
Felicidades pra vcs sempre!

Anônimo disse...

nossa...que lindo! que bom que vc está assim, disposto a amar sempre!
um bju carinhoso!