sábado, 2 de agosto de 2008

Crescer

Desde os 15 anos de idade eu trabalho fora de casa. Estágios, empregos regulares e bicos sometimes, sempre com o intuito de adquirir algo. Objetivos, nem sempre alcançados, traçam o meu perfil profissional. Uma televisão, um DVD... criar um filho, comprar um carro. Sempre corri atrás do que é meu e acreditava inocentemente que isso era crescimento.

Acreditava.

Na realidade, crescer é muito difícil. Nem sequer eu sei ao certo o que isso significa. Dar valor real às coisas, talvez. Saber a hora e o local de agir, acertar mais vezes do que errar. Quem sabe um dia dizer “não” pela primeira vez. Cada pessoa tem o seu momento. Talvez “crescer” seja reconhecer este momento.

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Tenho trabalhado em horários castradores. Do ponto de vista literário e pessoal, sou um deserto de autonomia discutível. Nem ao menos tenho tempo de escrever no meu caderno, quando consigo tira-lo à tempo da pasta. Das idéias sobram poucas linhas, tão vagas quanto discurso eleitoral.

Pois foi justamente aí que reconheci o meu momento. Com a notícia de que meu fim-de-semana seria novamente de trabalho, com um aviso de 2 dias de antecedência, minha mente começou a funcionar de uma maneira diferente. A promessa de um passeio no domingo para a Rafaela, e a impressão inquietante de estar sendo desrespeitado, me levou à sala do gerente com alguns questionamentos. Ele me pediu um tempo para poder conversar, sendo que aguardei no me posto de trabalho por quase 40 minutos. Foram 40 minutos de compaixão de alguns colegas com minha cara de descontente, e o desencorajamento de outros, como se ficar quieto e aceitar fosse uma opção.

Sentado à frente do gerente, depois de 40 minutos de tortura mental, me faziam suar como um boi no brete. Respirei fundo e mandei tudo, de uma só vez, no colo dele.

Não, eu não vomitei, caso seja isto que está pensando. Fui sincero e só isso. Minha mãe, no auge de sua sabedoria, um dia me disse que a verdade é sempre a melhor escolha. Sai da sala com tudo resolvido e com um final-de-semana para curtir com a família. Muitas vezes, é só abrir a boca para conseguir o que se quer.

Um comentário:

Jane Ferreira disse...

Nem me fale... As vezes precisamos sacrificar não somente dias, como meses e anos para chegar onde se deseja. Não há outra saída. É verdadeira a frase que diz: "Deus ajuda quem cedo madruga", pelo menos na maioria das vezes. Infelizmente esse é o ciclo natural da vida. Perdemos nossos melhores anos batalhando para "crescer", com a esperança de um dia poder colher os frutos, mas na verdade, temos que colher os frutos agora mesmo, nas brechas entre o trabalho e os estudos. Difícil é não dormir nas brechas... Mas este é mundo das pessoas competentes, trabalhadoras, capazes, e de sucesso! Se é bom ou ruim, vamos saber somente daqui há alguns anos... Super beijo Rafinha! Muitas saudades!